Comércio Internac/tional Business

Desabafos sobre a matéria/Opinions on the subject

19 abril 2005

 

Tomar, ou não, tomar medidas de salvaguarda contra as importações de produtos têxteis chineses? Eis a questão?

No próximo dia 25 de Abril espera-se que a Comissão Europeia tome a decisão sobre o lançamento de medidas de salvaguarda de certas produções têxteis contra importações oriundas da China.

· O que são e em que consistem as chamadas “medidas de salvaguarda”

Limitamo-nos a transcrever estes dois textos retirados do sítio da Organização Mundial do Comércio, relevando o seu carácter temporário e indefinido.

O horizonte temporal destas medidas não deve ultrapassar os quatro anos. Em casos excepcionais pode ir até ao máximo de oito anos e em todos os casos de duração superior a um ano devem incluir cláusulas de desmantelamento progressivo ao longo dos anos.

Não se especifica a dimensão dos danos constatados, ou meramente temidos, que podem justificar estas medidas, nem ritmo de aumento das importações que as justificaria.

Também será de salientar que estas cláusulas não devem ser accionadas contra nenhum parceiro comercial em particular.

“A WTO member may take a “safeguard” action (i.e., restrict imports of a product temporarily) to protect a specific domestic industry from an increase in imports of any product which is causing, or which is threatening to cause, serious injury to the industry.” (http://www.wto.org/ April 18, 2005)

“Safeguards: emergency protection from imports

A WTO member may restrict imports of a product temporarily (take “safeguard” actions) if its domestic industry is injured or threatened with injury caused by a surge in imports. Here, the injury has to be serious. Safeguard measures were always available under GATT (Article 19). However, they were infrequently used, some governments preferring to protect their domestic industries through “grey area” measures — using bilateral negotiations outside GATT’s auspices, they persuaded exporting countries to restrain exports “voluntarily” or to agree to other means of sharing markets. Agreements of this kind were reached for a wide range of products: automobiles, steel, and semiconductors, for example.

The WTO agreement broke new ground. It prohibits “grey-area” measures, and it sets time limits (a “sunset clause”) on all safeguard actions. The agreement says members must not seek, take or maintain any voluntary export restraints, orderly marketing arrangements or any other similar measures on the export or the import side. The bilateral measures that were not modified to conform with the agreement were phased out at the end of 1998. Countries were allowed to keep one of these measures an extra year (until the end of 1999), but only the European Union — for restrictions on imports of cars from Japan — made use of this provision.

An import “surge” justifying safeguard action can be a real increase in imports (an absolute increase); or it can be an increase in the imports’ share of a shrinking market, even if the import quantity has not increased (relative increase).

Industries or companies may request safeguard action by their government. The WTO agreement sets out requirements for safeguard investigations by national authorities. The emphasis is on transparency and on following established rules and practices — avoiding arbitrary methods. The authorities conducting investigations have to announce publicly when hearings are to take place and provide other appropriate means for interested parties to present evidence. The evidence must include arguments on whether a measure is in the public interest.

The agreement sets out criteria for assessing whether “serious injury” is being caused or threatened, and the factors which must be considered in determining the impact of imports on the domestic industry. When imposed, a safeguard measure should be applied only to the extent necessary to prevent or remedy serious injury and to help the industry concerned to adjust. Where quantitative restrictions (quotas) are imposed, they normally should not reduce the quantities of imports below the annual average for the last three representative years for which statistics are available, unless clear justification is given that a different level is necessary to prevent or remedy serious injury.

In principle, safeguard measures cannot be targeted at imports from a particular country. However, the agreement does describe how quotas can be allocated among supplying countries, including in the exceptional circumstance where imports from certain countries have increased disproportionately quickly. A safeguard measure should not last more than four years, although this can be extended up to eight years, subject to a determination by competent national authorities that the measure is needed and that there is evidence the industry is adjusting. Measures imposed for more than a year must be progressively liberalized.

When a country restricts imports in order to safeguard its domestic producers, in principle it must give something in return. The agreement says the exporting country (or exporting countries) can seek compensation through consultations. If no agreement is reached the exporting country can retaliate by taking equivalent action — for instance, it can raise tariffs on exports from the country that is enforcing the safeguard measure. In some circumstances, the exporting country has to wait for three years after the safeguard measure was introduced before it can retaliate in this way — i.e. if the measure conforms with the provisions of the agreement and if it is taken as a result of an increase in the quantity of imports from the exporting country.

To some extent developing countries’ exports are shielded from safeguard actions. An importing country can only apply a safeguard measure to a product from a developing country if the developing country is supplying more than 3% of the imports of that product, or if developing country members with less than 3% import share collectively account for more than 9% of total imports of the product concerned.

The WTO’s Safeguards Committee oversees the operation of the agreement and is responsible for the surveillance of members’ commitments. Governments have to report each phase of a safeguard investigation and related decision-making, and the committee reviews these reports.” (www.wto.org , “UNDERSTANDING THE WTO: THE AGREEMENTS. Anti-dumping, subsidies, safeguards: contingencies, etc”, April 18, 2005)

· Qual o procedimento a implementar?

Estas medidas não podem simplesmente ser anunciadas e implementadas dum dia para o outro. Primeiro o país, ou grupo de países – no nosso caso a União Europeia (UE) – tem de anunciar qual a fórmula que vai aplicar para determinar quais os níveis de importações que podem despoletar os procedimentos. Isto foi feito pela Comissão Europeia(CE) a 6 de Abril de 2005 ao publicar as chamadas “zonas de alerta”, que vão no caso vertente de 10 a 100% de aumento face a 2004, consoante a quota das importações oriundas da China até esta data sejam mais ou menos importantes no total das importações da UE desses produtos. (Diário Económico, 7 de Abril de 2005)

No dia 25 de Abril próximo, já da posse dos dados estatísticos necessários, a Comissão Europeia pode decidir lançar uma investigação com o objectivo de averiguar da existência de perturbações do mercado que justifiquem avançar para etapas subsequentes, caso os limites estipulados pelas “zonas de alerta” tenham sido excedidos.

“Este processo compreende um período de 21 dias para que as partes interessadas apresentem as suas opiniões, e 60 dias para que a investigação e as consultas informais estejam concluídas. No fim do processo de investigação a UE decide se pretende iniciar conversações formais com a China no âmbito dos termos exigidos pela Cláusula de Salvaguarda Têxtil.” (CENESTAP, “Cláusula de Salvaguarda. Quando e Como?”, 7 de Abril de 2005, em http://www.portugaltextil.com/PresentationLayer/portalpt_noticia_01.aspx?cod_noticia=29908 )

Só se 15 dias após o início das consultas formais a China não tiver tomado medidas consideradas adequadas a limitar as exportações ao nível médio dos 12-14 meses precedentes, acrescidos de 7,5%, é que podem ser lançadas as medidas de salvaguarda.

“As medidas de salvaguarda vão assumir a forma de restrições quantitativas às importações aplicáveis apenas por um ano, para permitir à indústria europeia adaptar-se às novas condições de concorrência. No entanto as medidas são extensíveis por reaplicação, embora só possam ser utilizadas até 2008.” (Diário Económico, 7 de Abril de 2005)

· Em que domínios e condições se justificariam?

O domínio de aplicação é o dos têxteis, previamente abrangidos pelo Acordo Multifibras e no presente caso pelo protocolo de acesso da China à OMC em 2001, que incluía uma cláusula especial nesta matéria (TSSC – Textile-Specific Safeguard Clause).

O estabelecimento do regime livre geral pode estar a revelar-se mais acidentada pelo facto da transição acordada em 1994 se ter estendido ao longo de 10 anos, mas o peso principal do desmantelamento das barreiras se concentrar precisamente na última etapa que agora se concluiu, em que seriam removidas 49% das barreiras prevalecentes em 1994. O remanescente já teria sido removido anteriormente em três etapas diferentes.

Em Dezembro passado a China já teria anunciado o lançamento de tarifas à exportação de têxteis e estaria actualmente a considerar uma subida dos níveis dessas tarifas, que até há data se estariam a revelar incapazes de debelar o movimento ascendente das exportações chinesas para os EUA e a UE. (Financial Times, April 15, 2005)

De acordo com este diário também deveria ser tomado em consideração que grande parte do incremento das exportações chinesas estava a acontecer à custa de exportações oriundas de outros países, nomeadamente de outros países menos desenvolvidos.

Este incremento das exportações têxteis chinesas devia ser visto no contexto do papel cada vez mais importante da China nas exportações mundiais, na medida em que esta teria acabado de ultrapassar o Japão como 3º país exportador mais importante do mundo, logo atrás da Alemanha e dos EUA.

( http://www.wto.org/english/news_e/pres05_e/pr401_e.htm )

· Neste contexto devem ou não ser tomadas medidas de salvaguarda, não só pela Europa, mas também pelos EUA e outros países?

É uma questão de opinião a que incentivo todos os leitores deste blog a responder, inserindo um comentário, através do clicar sobre o link mostrado logo a seguir. Agradecia-se uma breve justificação da opinião, de molde a torná-la mais convincente.

Sem ser com o objectivo de se servirem dessas opiniões como bengala, remeto-vos para os artigos de opinião a este respeito publicados por Graça Franco e João César das Neves, respectivamente no Público e Diário de Notícias de 18/4/2005, intitulados "Regresso a Adam Smith" e "O tema onde se pode fazer batota".


Comments:
Caro Professor!

Na minha modesta opinião,o exagero dado ao "fenómeno China" como algo de diabólico e destrutivo para a economia muldial é sinónimo de fraqueza demonstrado por parte daqueles que sempre dominaram e querem continuar a dominar a economia global.Ao olharmos para a China,primeiro temos que pensar no que significa verdadeiramente a globalização,e só depois podemos pôr em causa o seu fenómeno.Ou somos a favor de uma globalização propriamente dita ou não,e o que vejo é que são os países que sempre defenderam essa mesma globalização que agora querem colocar barreiras aos produtos Chineses.A que se deve tal atitude?penso que é pelo facto de pela primeira vez estes países se sentirem verdadeiramente ameaçados a perderem o dominio mumdial e deste modo sentirem na pele os efeitos negativos de serem os dominados.E tudo também acontece porque é a China,mas no entanto se fosse os EUA ou outro país "Amigo ou Aliado" tal pánico não se verificaria.Acho que se for mesmo levada a cabo a medida de salvaguarda aos téxteis chineses, aí a palavra "Globalização" deixará de fazer qualquer sentido e so fará sentido a palavra "Globalização entre amigos".Olhemos agora para o dominio Americano,que como todos sabemos ja existe há várias décadas e constatamos em nossas casas através da coca-cola,etc.Nunca houve tanta agitação como verificamos actualmente.E são estas grandes empresas aAmericanas e ja levaram a falência muitas empresas domésticas em todo o mundo.Em jeito de conclusão,apelo a que pensemos se queremos verdadeiramente a globalização no real sentido,ou a globalização dominada pelos "aliados".
 
Olá a todos. Devo dizer que concordo com o Patrício, pelo menos no longo prazo. Os consumidores estão, na minha opinião e como sempre, em segundo plano. Só se pensa nos Lobbies quando se fala nestas questões. Um estudo profundo sobre custos - beneficios tem de ser feito pois o consumidor também ganha ao obter produtos abaixo do preço do normal. Também penso que se a industria textil em Portugal não é, seja por que razões, competitiva e fiável, tem de se desinvestir na mesma, doa a quem doer, e investir-se em algum sector mais competitivo. Talvez a U.E. (e Portugal, especificamente) devesse ter pensado neste problema antes pois já se sabia que a China ia entrar na OMC há bastante tempo. Tal como disse o meu colega, os que sempre dominaram a economia mundial e que sempre defenderam a globaliazação têm de aprender a aplicar o que defendem sem excepções, a todos os países.
André Mendes
 
Olá professor:
Este é um tema, que tem sido abordado como sendo algo de destrutivo para a economia mundial, tal como diz o Patrício, contudo não nos podemos esquecer que a entrada da China na OMC fará com que também esta tenha de assumir compromissos e normas em relação a outros países.
A longo prazo na minha opinião serão visíveis mudanças sociais o que permitirá maior qualidade de vida para os trabalhadores chineses.
Uma estratégia até aqui utilizada pelas empresas chinesas era a de copiar modelos europeus não só no sector têxtil e alterá-los ligeiramente, normalmente com uma qualidade inferior e coloca-los no mercado, contudo a partir da sua entrada na OMC a China será responsável por estas situações.
Para as empresas europeias que tenham previsto estes problemas e que apostaram em inovação (o que não sucedeu com a maioria das empresas portuguesas), a abertura do mercado chinês e consequente abolição das tarifas alfandegárias poderá constituir uma oportunidade de investimento neste mercado.
Não será contudo, um problema de solução trivial, as empresas europeias devem seguir uma estratégia comum em vez de cada empresa por si só tentar arranjar a solução que a faça mais competitiva do que qualquer indústria chinesa.
 
Boa tarde professor.
Em relação a este assunto a minha opinião é um pouco divergente das ja citadas no blog. Eu penso que neste momento a China é uma seria ameaça a economia prejudicando a todos servindo-se de "ferramentas", pouco comuns e impossivel de serem utilizadas pela maior parte dos paises em questão, como mão de obra super barata (0.28 cent./hora). Na perspectiva da sua entrada na OMC, o objectivo era fazer com que a China atingisse um desenvolvimento sustentavel, mas se pensarmos que a China tem 1.3 bliliões de habitantes logo se percebe que é muito dificil igualar outros paises nos custos de produção, especificamente salarios.
Quanto ás barreiras ás importações para a UE eu acho que é uma ferramenta que deve ser implementada, visto que só desde Janeiro de 2005 a importação de alguns produtos, como meias, ja aumentou cerca de 394% e de camisolas 790%, ou então que marcas como a Daimler Chrysler ja estão a pensar estabelecer as suas plataformas de produção na China.Ao analisar estes valores logo se vê que a China é um "gigante" que já esta a atacar. È claro que não quero defender os empresarios portugueses da sua falta de imaginação, pois a liberalização do mercado ja estava prevista ha 15 anos.
Mas a continuar com este ritmo avassalador o que restará para nós produzirmos?
Um abraço.
 
Sem poder tecer grandes considerações acerca do tema, que apesar de considerar interessante é ainda bastante desconhecido para mim, arrisco-me a deixar um pequeno comentário …

Parece-me que devem ser tomadas medidas de salvaguarda relativamente ao explosivo e crescimento das importações chinesas (52% para 534% desde início do ano!), uma vez que estas constituem uma série ameaça à economia mundial.
Portugal e outros países da união europeia, reúnem esforços no sentido de levar a CE a tomar medidas proteccionistas para a economia europeia. É uma situação que está prevista: “não se está a pedir nada que não esteja previsto nos tratados internacionais e que permite reintroduzir quotas de mercado em produtos onde se verifique um comportamento desordenado do mercado até 2008. “ (in Diário Económico, 28 de Abril de 2005)
A situação é particularmente grave para Portugal onde os têxteis representam cerca de 15% do emprego e 22% das exportações nacionais. Devido ao estrondoso aumento das importações de têxteis chinesas, Portugal se viu na necessidade de reduzir drasticamente os preços dos têxteis.

A situação é deveras preocupante para a Europa mas também, se bem que em menor escala para os Estados Unidos que “também estão a considerar cláusulas de salvaguarda aos têxteis chineses mas com um procedimento bem mais veloz que o europeu.” (Diário Económico, 28 de Abril de 2005)

A situação é de emergência pelo que as medidas de salvaguarda deveriam, a meu ver, ser accionadas com maior rapidez. Dado o descontrolado crescimento das importações chinesas, a serem implementadas, essas medidas poderão já ser demasiado tardias e as consequências para a economia europeia e mundial irreversíveis.

Madalena
 
É verdadeiramente irónico o que está a acontecer neste episódio dos têxteis. Não era a Europa a grande defensora do liberalismo económico, berço aliás deste pensamento, a maior promotora do livre comércio internacional, a qual aliás criou um modelo completamente inovador de união de Estados através do factor económico e comercial, abolindo fronteiras e barreiras aduaneiras? Então, que é feito desta Europa moderna e que se pretendia como o maior bloco comercial do mundo, capaz de rivalizar com os outros dois maiores blocos, o norte-americano e o asiático? Parece que esta Europa que se foi construindo nos últimos cinquenta anos não produziu de facto as defesas económicas naturais que a permitissem neste momento rivalizar plenamente com o despoletar do dragão chinês. A União Europeia demonstra apenas fragilidade e, incrivelmente, uma bela dose de inocência, uma atrapalhação até na resposta que dá à invasão dos têxteis chineses, com reuniões de emergência em Bruxelas para avaliar o impacto do aumento das importações têxteis, note-se na ordem dos 500% em alguns produtos, e que a levam a recorrer a medidas de salvaguarda que apenas fazem adiar o problema. Constata-se que a indústria têxtil europeia não evoluiu e não se modernizou como seria de esperar, e prova disso é mesmo o panorama têxtil português, muito debilitado, muito atrasado, muito pouco competitivo a nível internacional, talvez como resultado das fracas apostas que se fizeram neste sector. Como se irá então transformar em tão poucos meses (pois estas medidas de salvaguarda possuem, como todos sabem, um prazo de implementação de um ano, extensível a quatro anos, mas com reduções progressivas dessas limitações à importação) toda uma indústria que importa agora ser capaz de competir com uma China que cada vez mais se afirma num mundo como uma potência, em diversas áreas aliás, e que nesta em particular consegue de facto economias de escala que a permitem inundar os mercados mundiais com produtos a muito baixo preço? A questão é que a velha e tripartida harmonia da economia mundial está agora em risco; não são já apenas a Europa, os EUA e o Japão a ditarem os pressupostos da economia mundial — a China emerge agora neste cenário e é com este rival que todos devem contar. Mas que isto então não implique um retrocesso dos velhos blocos para um proteccionismo ultrapassado e não adequado já às novas normas do comércio internacional ditadas pela moderna Organização Mundial do Comércio, mas que seja antes um novo desafio para que estas economias se modernizem, inovem ainda mais e apostem até em sectores substitutos. Por muito louvável que pareça ser uma protecção da indústria europeia do têxtil, mesmo em termos sociais, não se pode esquecer que quem pagará a factura dessa decisão política são os consumidores e também a breve trecho, muito inevitavelmente, os próprios trabalhadores têxteis, pois terão de ser redireccionados. E já agora, porque não terminar com o mesmo pensamento final do artigo que junto de seguida e que aconselho a todos a ler: “Isn't it about time that we learned some important lessons from the Chinese? If China can grow despite tough economic times, why can't we? ”

José Sequeira

Anexo:
The Pennsylvania State University Op-Ed Program
Maintained by the Office of Public Information
312 Old Main
University Park, PA 16802
(814) 865-7517
Bill Mahon, director
Tysen Kendig, News Bureau manager
Vicki Fong, Science and Research Communications manager

Is this the Chinese century?
by William J. Rothwell and Wei Aleisha Wang

In the 1980s, Americans were jolted by fears that Japan would become the world's dominant economy. Recent economic woes in Japan have laid those fears to rest. But the phenomenal growth of the Chinese economy has escaped widespread attention. Some savvy business observers claim that the 21st century will belong to China just as the 19th century belonged to the British Empire and the 20th century belonged to the United States.

That prediction should come as no surprise. Chinese economic growth has soared at 10 percent real growth annually for 19 years, a world record. That has occurred despite acrimonious political differences with Washington and the Asian outbreak of SARS. China's economy, already the world's second largest, will be the world's largest by year 2020. And that growth has coincided in the United States with a record number of plant closures, downsizings and the outsourcing of jobs to Asia — a record 14,072 large-scale downsizings nationwide since January 2003 alone, according to the U.S. Bureau of Labor Statistics.

Isn't it about time we asked a simple question: What accounts for the Chinese economic miracle? We offer four simple reasons to think about. These reasons are often mentioned in China, but seldom discussed in the United States.

First, China instituted major economic and political reforms in 1978. In that year, Chinese leader Deng Xiaoping introduced economic reforms that shifted spending on government to spending on business. That was a remarkable achievement for "free enterprise" in a so-called "communist country." It set the stage for the long-term growth that China has enjoyed.

Second, China has courted investments from abroad. That has kept investment money flowing in to fuel continued growth. The Chinese strategy of building exports has paid off by prompting long-term growth and broader employment. In 2003, for the first time, China supplanted North America as the destination of choice for Foreign Direct Investment.

Third, the Chinese have encouraged communication with foreign experts from abroad. Rather than foster isolationism, the Chinese have welcomed educational institutions from Europe and the United States to set up sites in their country. Furthermore, since 1978, over 380,000 Chinese students have studied in the United States, while, in contrast, only 50,000 American students went to China. Since 1998, the number of Chinese students who study abroad and then return to China has been increasing at the rate of 13 percent each year. By the end of 2002, 130 thousand students returned to China, yielding an estimated production increase of $1.2 billion.

Fourth, and perhaps most importantly, China has worked to build human capital and court employment growth. That is an understandable social goal in a nation with a workforce of 744 million, which dwarfs the 141.8 million people in the U.S. workforce. In July 2003, Zhang Xiaoqiang, Secretary General of China's State Development and Reform Commission, cited employment as China's number one priority. That commitment to employment is working, despite painful restructuring in a nation moving from a glacially-slow, Soviet-style planned economy to an increasingly vibrant, market-driven economy.

China's 1.286 billion population, the world's largest, dwarfs the U.S. population that has just reached 300 million. People thus represent a major resource for the Chinese, one they are willing to spend money to develop. The CIA Factbook, a commonly-cited reference, estimates that China has achieved literacy with 86 percent of its population, compared to a literacy rate of 97 percent in the United States. On this point, Chinese statistics do not match: the Chinese cite a 72% literacy rate that has now been increased to 92.7 percent ("Chinese Five-Year Plan [2001-2005] for National Education," 2001).

China is increasingly committing resources to the development of its people at exactly the time that U.S. expenditures on people development are flagging. The average U.S. company invests only 1.5 percent of total compensation (pay plus benefits) on developing its workforce, according to the American Society for Training and Development. Blue-chip companies like General Electric spend much more, averaging 4 percent of total compensation. Research shows that company profitability is directly tied to spending on human capital to make people more productive and creative, encourage the innovation of entrepreneurs and maintain skills as dynamic technological change alters work requirements.

Isn't it about time that we learned some important lessons from the Chinese? If China can grow despite tough economic times, why can't we?
 
Uma correcção: a China não entrou agora para a OMC, e sim em Novembro de 2001. O que aconteceu em Janeiro de 2005 foi o final do Acordo sobre Têxteis e Vestuário (ATC), que obriga a que estes sectores sejam agora regulados pelo regime geral do GATT. Basicamente, morte às quotas.

É um facto que o fim do ATC e a presença da China na OMC lançam um desafio especial para países como Portugal, exportadores líquidos nestes sectores. Um desafio, ou dois. Um, porque Portugal vê o seu mercado interno invadido por produtos chineses. Dois, porque Portugal passa a sofrer a concorrência de produtos chineses nos mercados dos Estados membros da UE. Penso que é o segundo desafio o mais importante, já que a China é responsável por cerca de apenas 1% do total do comércio internacional português. Pouquinho, portanto.

Então, o que importa é o que acontece lá fora, com aqueles que importam têxteis e vestuário portugueses. Mais, o que importa mesmo é a razão pela qual importam produtos portugueses. Se for por preços mais baixos... bom... relativamente a quem? China, India, ou aos mais recentes membros da UE, geograficamente mais próximos do núclo duro que a compõe? Resta a Portugal a via da qualidade. Porque a China só é um adversário relevante na medida em que os consumidores vêm produtos chineses e portugueses como substitutos. Se o não são, no problem.

Finalmente, já está na hora de Portugal apostar em sectores de elevado valor acrescentado. Os sectores têxteis e vestuário são habitualmente vistos como um primeiro degrau na escada da industrialização (a expressão é de um senhor chamado Cline que sabe destas coisas). Está então na hora de subir um pouco mais e mudar a vantagem comparativa de Portugal. Aliás, já no exemplo do Ricardo Portugal não a tinha. Era o vinho, era o vinho…
 
Caro Professor e colegas!

Não sei se viram o programa "prós e contras" do dia 2 de Maio na RTP1,foi muito importante e pertinente porque abordou esse e mais assuntos relacionados com a crescente imposição de produtos chineses no mundo(há muitos que falam em invasão mas a meu ver é errado o uso desse termo).Não temos dúvidas que a China a esse passo põe em cheque mate muito "boas" economias tanto na Europa como no mundo,e fala-se até em concorrência desleal.Agora olhemos para o verso da moeda com muita atenção,porque não basta somente olharmos para o "nosso umbigo".Após a entrada da China na OMC passados 14 anos de negociações houve várias empresas estrangeiras a "ivadirem" aquele mercado o que levou a ruina inumeros comerciantes locais.As grandes empresas detentoras de grandes capitas outrora sediadas em Taiwan,Singapura e em outros Dragões Asiáticos transferiram-se para a China,e pensemos se isso só tem vantagens ou também tem o seu lado negativo.E para completar,a partir de 2007 esse país segundo uma directiz da OMC abrir-se-á para o sector bancário.Neste momento a China prepara-se para enfrentar a enorme concorrência mundial formando cerca de 2 milhões de engenheiro por ano, e nós o que fazemos nesse sentido?Em vez de só falarmos deveriamos agir,e agir não é lutar contra o "inimigo" mas sim aliar-se a ele.Foi o que ja fazem várias empresas de paises desenvolvidos, como a Microsoft,que procuram tirar partido dos pontos fortes da China.De certo dirão que a Microsoft tem condições que quase nenhuma empresa Portuguesa tem para investir no mercado Chinês, e isso é verdade mas não justifica o nosso atraso dado que neste momento não só os gigantes se encontram naquele país.Lembremo-nos de Macau,sim Macau,era um ponto comercial bastante importante para a entrada no mercado oriental,mas o que fizeram as empresas Portuguesas para entrarem e dominarem o seu mercado?nada.Portugal limitou-se a pensar somente na construção civil e esqueceu-se de outras áreas.A título de exemplo digo q antes da TAP Air Portugal voar para Macau ja Voava a Lufthansa e outras companhias estrangeiras e não nos esqueçamos que Macau era como se fosse território Português,mas porque?Falta de sentido de oportunidade,nada mais do que isso e depois lamentamo-nos de ficar para trás.Tudo o que digo foi dito no programa sem medos nem tabus,e é como devemos encarar essa situação.Para concluir digo que o nosso sucesso ou fracasso depende das nossas acções e da forma como enfrentamos as dificuldades.Olhemos para o mercado Chinês como uma oportunidade e não como uma ameaça que precisa de ser travada,porque isso é impossivel.Foi o que o Presidente Sampaio tentou transmitir ao país e foi muito contestado infelizmente.
 
Caro professor.Em relação à questão abordada,temos assistido nas últimas décadas a uma "invasão" do mercado Chinês no nosso país e um pouco mundo.Ora esta "invasão" seria completamenta aceitável se não se colocasse a questão da não existência de competitividade face aos produtos chineses.
esta forma intensiva de operar no mercado português surgiu porque a China teve necessidade, quase obrigação, de explorar novos mercados devido ao facto de no se país não existir uma economia de mercado. Como consequência, eclodiu um Boom(300/500%)e uma exploração de crescimento, devido ao excesso de população. No entanto, esta situação não era sustentável.
Com a adesão da China à OMC surge o caminho para a competitividade. os industriais deparam-se agora, com um novo quadro concorrencial, isto é, passaram a poder actuar de forma intensiva no mercado chinês, caracterizado pelo seu grande volume e pelo constante aumento do consumo, quantitativa e qualitativamente, consequência da melhoria do poder de compra da população e da sua preferência por produtos mais sofisticados.
No entanto, ainda existem barreiras à entrada de produtos estrangeiros na China. por exemplo, os Chineses podem ter, no caso dos têxteis, um número elevado de lojas em Portugal e o contrário é impossível.
O governo chinês ainda não é totalmente flexível na abertura de mercado aos produtos de países terceiros.
No que diz respeito ao caso português pensamos que uma boa solução seria investir na China, onde a mão de obra é barata e como resultado acarreta custos de produção mais baixos, de uma forma inovadora, ou seja,as matérias primas saíriam de Portugal para a China, com a finalidade de serem transformadas em produtos finais que porteriormente seriam exportados para o resto do mundo e comercializados na China a preços competitivos e qualidade igual ou superior à dos produtos chineses.

Cumprimentos. Carla Gomes & Márcia Geração
 
Na minha opinião as medidas de salvaguarda devem ser accionadas. Elas existem por alguma razão ....E essa razão é minorar os custos sociais associados com as alterações provocadas pelo comércio intenacional...a abertura ao comércio internacional têm grandes efeitos sobre os rendimentos, e ao contrário do que a teoria economica assume, a migraçao dos trabalhadores entre sectores têm custos elevados que não podem nem devem ser ignorados. No caso de portugal, e da industria têxtil em particular, esses custos serão enormes devido a baixa qualificação/idade da mão de obra, o que dificultará a sua reconversão e, à concentração geográfica dessa mesma industria, que poderá agravar ainda mais a depressão já sentida em algumas regiões, como é o caso do vale do Ave. Mesmo sabendo que esses custos não poderão ser evitados num futuro proximo, eles podem ser divididos no tempo, tanto melhor. Com isso não quero dizer que devemos proteger sectores ineficientes e empresários sem visão, que têm conseguido sobreviver à custa de expedientes, da exploração de trabalhadores e de subsídios e que não souberam preparar-se para o que era prevísivel à muito tempo, mas sim, que devemos minorar os custos da transicção para os mais fracos.
Por outro lado não podemos esquecer que a china têm a sua taxa de câmbio fixa em relação ao dólar, o que aumenta significativamente a competitividade dos têxteis chineses o que constitui uma vantagem "desleal" e por isso, o accionamneto das medidas de salvaguarda, poderiam minorar o impacto negativo sobre têxtes até que a China decida mudar a sua política cambial.

valter
 
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